Um dia eu fui chama. Mantive acesa a fogueira que se alimentava e crescia com o tronco da sua prepotência e ignorância. E eu permitia que você lançasse em mim todo entulho inflamável que existia. E você inflava, se enchia de orgulho, à medida que o fogo aumentava. Era inverno, e enquanto eu te aquecia era útil a minha companhia. O que eu demorei pra perceber (devido à nebulosidade da minha inocência) foi que nenhuma lenha era posta pra me manter acesa e viva pra toda a vida, mas sim, pra te esconder do frio do abandono. Era pura vaidade de um menino que se achava dono da verdade. Usava de todos os recursos que tinha pra suprir a própria carência e necessidade.


O tempo foi passando, uma nova estação entrou, chegou uma nova era, e hoje eu sou toda primavera. Você pode me chamar de cinza se quiser, mas pra quem me carrega nas asas, sabe que me tornei pólen. Talvez você não saiba mesmo distinguir a diferença que há em cada pó da terra, em cada elemento, em cada detalhe que a vida carrega. Tenho o poder de produzir, fecundar, multiplicar, expandir. Hoje sou o próprio recurso, não preciso mais dos teus depósitos, me espalho, amplio territórios. Nasço num jarro, num canto, no mato, em qualquer estação, em forma de flor não mais de fogo. Não firo. Não mato quem chega perto. Não causo medo. Não transtorno. Não queimo, pelo contrário, saúdo, embelezo, floresço, o avesso que esperava de mim. Enfim, o que você não entende é como virei jardim.


Eu já nem lembro mais de como era ser chama, o fogo ardia, mas também adormecia os meus sentidos, arrebatava-me as próprias opiniões, gostos, manias, amigos, decisões. Hoje, a flor aqui, sabe o que é liberdade, não precisa ser regada por ninguém, a própria chuva se encarrega de tal lealdade. Essa mesma flor, não se preocupa com o zelo vindo de mãos humanas, o Sol acarinha as suas pétalas, e ela agradece ao Criador pelo amor que a transformou. Quando o inverno voltar, ela se arranjará em algum arranjo de flor, e você onde estará? Certamente alimentando outro alguém com as mesmas raízes amargas de sempre, pra novamente se aquecer do frio que volta anualmente.


Monique Frebell – 17/06/2009


O amor só permanece vivo, quando se rega, se cuida e se deixa florescer!

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6 comentários:

huga katia disse...

NOSSA Q LINDO!!! Monique é só sentimento, assim como vc!
vim te agredecer pelo carinho e a força das suas palvras no blog,Mais q palavras...eu amei !
bjus AMIGA!

Kenia Santos disse...

Olá Bela! Passando pra retribuir a visita e conhecer seu espaço - primeira impressão: espaço apaixonado!!! Entrar na casa de quem tem um amor é uma coisa gostosa, a gente se sente abraçado pelo amor dos outros, é tanta a felicidade que a casa respira... :) O Poesia torta é um espaço tão aberto à novos amigos quanto o meu coração. Seja sempre bem-vinda!
Beijo carinhoso. Cuide-se!

Monique Frebell disse...

Sem palavras!!!

As vezes é melhor deixar quieto o que já adormeceu. Toda ação gera uma reação. Pediram, taí!

Bjos, minha amiga linda Flor. Vou contigo pra onde quer que for, aprendi a te acompanhar...

=)

Talita Prates disse...

Lindo texto!
Obrigadinha pela visita, Bela.
Somos desdobráveis! Eeeeeeeee! POnto para nós! rsrsrsrs
VOlta mais!
Paz.

o que me vier à real gana disse...

Pois, já vi k meti água! Desta vez foi a bela Bela quem postou.
Tá, vai dar ao mesmo: duas belas... por fora e por dentro!

bj

Fernanda Magalhães disse...

Eu diria que a amizade é como a primavera, quando chega nos tras paz e novas alegrias...è assim com vc...me sinto regada a cada visita sua no meu cantinho.

Tenha uma semana de muita paz e luz!

Beijos no teu coração!